Rim e hipertensão
Unidade de Hipertensão — Instituto do Coração (InCor) — HC-FMUSP
End. correspondência: Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 44 - CEP
05403-000 - São Paulo - SP
RIM E CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL
A importância do rim na hipertensão é uma extensão
do papel desempenhado pelo órgão no controle da pressão arterial
normal. O rim exerce controle sobre a pressão arterial, sobretudo por
meio da regulação da excreção de sódio e, por extensão, do volume
extracelular. Modelos gerados em computador(1), cujas
conclusões foram posteriormente confirmadas em animais(2) e
no homem(3), indicam que alterações induzidas na pressão
arterial por qualquer mecanismo, tanto para mais como para menos,
tendem a ser contrabalançadas pela modulação renal da excreção de
sódio e do volume extracelular, de modo a manter a pressão arterial
dentro dos limites normais. A relação entre excreção renal de sódio e
pressão arterial define a chamada curva de função renal, em que o
ponto de interseção da ingestão e da excreção urinária de sódio
coincide com a pressão arterial(1). Pacientes e animais
hipertensos apresentam deslocamento da relação pressão-natriurese para
direita, indicando que níveis mais elevados de pressão são necessários
para atingir o equilíbrio entre ingestão e excreção urinária de sódio
e manter o volume extracelular normal(1). De acordo com
esse modelo, hipertensão irá ocorrer em caráter permanente apenas
quando a capacidade renal de excretar sódio estiver reduzida, quer por
diminuição da filtração glomerular (redução da massa renal ou da
população de néfrons, doença renal intrínseca, vasoconstrição renal,
estenose das artérias renais), por aumento da absorção tubular de
sódio (sistema simpático, catecolaminas, aldosterona, angiotensina,
vasopressina) ou ambos. Isso não significa que todos os tipos de
hipertensão têm origem renal, mas afirma que anormalidades da
conservação renal de sódio são condição indispensável para a
manutenção da pressão arterial elevada, independentemente de sua
causa. O rim também controla a pressão arterial e o volume
extracelular por meio do sistema renina-angiotensina-aldosterona(4).
A estimulação desse sistema causa vasoconstrição, estimula mecanismos
centrais que favorecem a hipertensão e aumenta a absorção tubular de
sódio, enquanto sua inibição tem efeitos contrários. A angiotensina II
também influencia a hemodinâmica renal e exerce efeitos tróficos sobre
os vasos e o coração, que favorecem o aumento da resistência vascular
e a hipertrofia cardíaca.
RIM COMO CAUSA DA HIPERTENSÃO ESSENCIAL
Em cerca de 95% dos casos de hipertensão, não é
possível identificar o fator ou o mecanismo primário causador do
aumento da pressão arterial. No entanto, se admitirmos que a
deficiência dos mecanismos renais de excreção de sódio é necessária
para que a hipertensão seja mantida, pode-se especular que, pelo menos
em alguns casos, esse distúrbio seria a causa direta da hipertensão de
origem indeterminada. Embora nenhuma prova concreta tenha sido até
hoje oferecida, existem evidências que favorecem essa hipótese. Por
exemplo, todos os tipos de hipertensão de causa genética até agora
descritos envolvem mecanismos de transporte tubular renal causando
retenção de sódio(5). Partindo dessa observação, pode-se
admitir que alguns pacientes com hipertensão essencial representariam
variantes ou formas atenuadas de hipertensão monogênica. Nesse
sentido, a hipertensão essencial em certas populações de raça negra
associa-se a mutações nos genes que codificam proteínas do canal
epitelial de sódio, de maneira análoga à observada em portadores de
síndrome de Liddle, um tipo raro de hipertensão genética(6).
Distúrbios nos mecanismos de transporte de sódio em tubo proximal
foram também observados em linhagens de animais hipertensos(7).
Rins de ratos geneticamente hipertensos, transplantados em animais
congênicos normotensos, causam hipertensão nestes últimos, enquanto o
procedimento inverso leva à "cura" dos hipertensos(8, 9).
Finalmente, a redução congênita do número total de néfrons seria
também um fator predisponente de hipertensão primária. Essa hipótese
foi recentemente avaliada em indivíduos de raça branca. Foi observado
que o número total de néfrons é menor em hipertensos essenciais que
nos controles normotensos(10). Isso implicaria limitação da
capacidade de eliminar sódio, que seria corrigida às custas do aumento
da pressão arterial.
DOENÇA RENAL COMO CAUSA DE HIPERTENSÃO
A hipertensão arterial é muito freqüente em
portadores de doença renal de qualquer etiologia, mas sua prevalência
varia bastante, dependendo da causa da nefropatia e do grau de
acometimento da função renal(11). De maneira geral, pode-se
dizer que a hipertensão é mais comum em pacientes com doenças
glomerulares ou vasculares em comparação com as túbulo-intersticiais,
e que a gravidade e a freqüência da hipertensão aumentam paralelamente
com a redução da filtração glomerular, independentemente da causa.
Pacientes com diferentes tipos de glomerulonefrite crônica já
manifestam elevação modesta mas significativa da pressão arterial com
níveis de creatinina superiores aos dos controles, embora ainda dentro
da faixa normal(12). Por outro lado, quando a filtração
glomerular cai abaixo de 10 ml/minuto, mais de 80% dos pacientes são
hipertensos, qualquer que seja a causa da doença renal(13).
Essa elevada prevalência de hipertensão mantém-se em pacientes
tratados por hemodiálise(14) e por diálise peritoneal(15).
A estreita relação entre pressão arterial e
filtração glomerular sugere que o balanço positivo de sódio desempenha
papel central na gênese da hipertensão da doença renal. Nas fases
iniciais, quando a filtração glomerular é normal ou próxima ao normal,
o balanço de sódio é mantido graças ao aumento da pressão arterial
pelo deslocamento para direita da curva de função renal. Com a queda
da filtração glomerular, nas fases mais avançadas, hipertensão e
expansão do volume extracelular coexistem. Em concordância com essa
hipótese, o volume plasmático(16) e o grau de retenção de
sódio(17) em pacientes com insuficiência renal crônica
correlacionam-se com a pressão arterial. Além disso, a correção do
excesso de fluido por hemodiálise prolongada(18) ou por
ultrafiltração(19) normaliza a pressão arterial na maioria
dos doentes. Outros fatores, no entanto, são também importantes na
hipertensão associada à nefropatia. Diálise prolongada normaliza a
pressão arterial em alguns pacientes antes da completa correção da
hipervolemia(20), sugerindo a remoção de fatores vasoativos
pela diálise. Renais crônicos exibem aumento da atividade simpática(21)
e inabilidade de suprimir totalmente a secreção de renina pela
expansão do volume extracelular(22). Nefrectomia bilateral
normaliza a pressão de muitos pacientes mesmo quando a hipervolemia
persiste(11). Deficiência de óxido nítrico e disfunção
endotelial são prevalentes na uremia(23). Esses dados
sugerem que renais crônicos apresentam vasoconstrição e/ou redução da
capacidade vasodilatadora, impedindo a melhor adaptação hemodiâmica
diante de hipervolemia, o que se traduz por elevação da pressão
arterial.
A prevalência de hipertensão em transplantados
renais é da ordem de 50%(14). Esses indivíduos constituem
uma população à parte quanto à patogenia da hipertensão. Nesses
doentes, além da redução da filtração glomerular causada pela redução
da massa renal e pela rejeição, coexistem os efeitos dos rins nativos
e de medicamentos, tais como corticosteróides, tacrolimus,
ciclosporina e rapamicina, que causam ou favorecem retenção de sódio,
vasoconstrição, dislipidemia e disfunção endotelial.
HIPERTENSÃO ESSENCIAL COMO CAUSA DE
INSUFICIÊNCIA RENAL
Não há dúvida de que a hipertensão
acelerada/maligna pode causar insuficiência renal, muitas vezes
irreversível. A ocorrência de insuficiência renal no curso de
hipertensão primária não-maligna é muito mais rara e requer um longo
tempo de evolução. No "Multiple Risk Factor Intervention Trial" (MRFIT),
apenas 0,15% dos pacientes com nível sérico de creatinina normal no
início da investigação duplicaram o valor inicial após sete anos de
seguimento(24). No entanto, como a hipertensão é muito
comum, a pequena proporção dos indivíduos que apresentam essa
complicação termina por representar uma porcentagem elevada entre os
portadores de insuficiência renal crônica, condição muito menos
freqüente. Nos Estados Unidos, existem cerca de 42 milhões de
hipertensos, enquanto a incidência de insuficiência renal dialítica é
19 mil por ano. Estima-se que apenas 1 entre 2.200 hipertensos evoluem
anualmente para insuficiência renal, mas isso se traduz por uma
prevalência de até 30% de nefrosclerose como a causa de insuficiência
renal dialítica(14). Na Europa, por outro lado, 1 em cada 6
mil hipertensos evolui para insuficiência renal e a proporção de
uremia atribuída à hipertensão é de 7%(25). Essa diferença
possivelmente reflete a maior proporção de negros na população
americana. Na raça negra, a nefrosclerose é mais precoce e tem curso
mais rápido e agressivo que em brancos, sendo o pico de incidência de
insuficiência renal dialítica decorrente de nefrosclerose aos 50 anos
em negros e superior a 65 anos em caucasóides(26).
Outro fator que dificulta estabelecer a real
prevalência de nefrosclerose entre os renais crônicos diz respeito à
grande semelhança clínica entre nefrosclerose e outras nefropatias. A
maioria dos pacientes renais crônicos tem hipertensão. Se hipertensão
é causa ou conseqüência da doença renal, é freqüentemente impossível
de determinar sem exame histopatológico. Glomerulonefrite por IgA,
glomeruloesclerose focal, nefropatia intersticial e doença
renovascular são as condições que mais comumente se confundem com
doença renal hipertensiva(26). Existe, portanto, sempre o
risco da freqüência com que se faz o diagnóstico de nefrosclerose seja
exagerado, particularmente em negros, os quais apresentam prevalência
de hipertensão mais elevada.
EFEITO DA HIPERTENSÃO SOBRE A PROGRESSÃO DA
INSUFICIÊNCIA RENAL
A hipertensão acelera a progressão das nefropatias.
A função renal declina paralelamente com o aumento das pressões
sistólica e diastólica, independentemente de outros fatores, tais como
idade, raça, renda familiar, diabete, tabagismo e colesterol sérico(27).
O efeito do controle da pressão arterial sobre a velocidade de
progressão da insuficiência renal é mais complexo. Esse fenômeno
depende não apenas do nível da pressão arterial como também da causa
da doença renal. Pacientes com pressão arterial muito elevada melhoram
o prognóstico renal com a redução da pressão, seja qual for o tipo de
doença renal envolvida. Isso é facilmente comprovado na hipertensão
acelerada ou maligna. Quando se trata, no entanto, de hipertensão leve
ou moderada, a causa da doença renal adquire grande importância.
Pacientes portadores de doenças renais que cursam com proteinúria
significativa (> 1,0 g/24 horas) são os que mais se beneficiam da
redução da pressão arterial(28). Nessa categoria
encontram-se a nefropatia diabética e vários tipos de doenças
glomerulares(29). Ao contrário, pacientes que apresentam
graus menores de proteinúria parecem se beneficiar menos da redução da
pressão arterial no que diz respeito à progressão da insuficiência
renal, embora apresentem redução da incidência das complicações
cardiovasculares. Nesse grupo encontram-se a nefrosclerose "benigna",
as doenças túbulo-intersticiais e a doença policística(28, 30,
31). No caso da nefrosclerose, parte da dificuldade de se
comprovar efeito significativo do tratamento sobre a função renal é
explicada pela baixa prevalência de insuficiência renal nessa
população, como discutido anteriormente. Mesmo assim, o aparecimento
de proteinúria na nefrosclerose implica pior prognóstico renal(32).
Esses resultados indicam que hipertensão e proteinúria conspiram para
acelerar a deterioração da função renal. Atualmente existe consenso de
que em pacientes com doença renal proteinúrica a pressão arterial deve
ser reduzida a valores menores que aos que correspondem aos limites
superiores de normotensão (135/85)(33). Outros fatores
possivelmente podem alterar para pior o curso das doenças renais, mas
as evidências nesse sentido são menos conclusivas. Entre eles
encontram-se as dislipidemias, a hiperuricemia, a intolerância à
glicose e o tabagismo(27).
Estudos em animais(34) e no homem(35)
demonstraram que os inibidores da enzima de conversão da angiotensina
e, possivelmente, também os bloqueadores do receptor AT1
conferem proteção renal que vai além do atribuível à redução da
pressão arterial. Esse efeito é proporcional ao nível de proteinúria
preexistente e ao grau de redução da proteinúria obtido com o
tratamento(35). Inibidores do sistema renina-angiotensina
provocam, predominantemente, vasodilatação arteriolar eferente, que,
por sua vez, reduz a pressão intraglomerular, diminuindo a passagem de
proteínas e de outras macromoléculas para espaço urinário(36).
A combinação de menor pressão glomerular e redução da proteinúria é
responsável pelo efeito renoprotetor extra dessas drogas. No entanto,
quando a pressão arterial média é menor que 95 mmHg, o efeito
renoprotetor dos inibidores do sistema renina-angiotensina equivale ao
dos outros hipotensores(37), indicando que o controle
rígido da pressão é o fator crítico para se obter desaceleração do
processo.
O controle da pressão arterial em níveis normais em
pacientes renais crônicos pode se acompanhar de elevação da creatinina
e uréia em alguns pacientes. Esse problema é mais comum com os
inibidores do sistema renina-angiotensina, pelo seu conhecido efeito
vasodilatador eferente, que reduz a pressão intraglomerular e,
conseqüentemente, a filtração glomerular. Embora quedas acentuadas da
filtração não devam ser toleradas, elevações da creatinina entre 20% e
40% não configuram motivo para a suspensão dessas drogas, uma vez que
a redução da filtração glomerular é condição indispensável ao efeito
renoprotetor, especialmente em nefropatias proteinúricas. Em recente
meta-análise, Bakris e Weir(38) revisaram doze estudos
clínicos randomizados que avaliaram a progressão da doença renal em
1.102 pacientes com insuficiência renal com seguimento médio de três
anos. Os autores observaram que a estabilização da função renal se
correlacionou com a elevação inicial da creatinina em até 30% nos
primeiros dois meses de tratamento. De fato, os pacientes que não
apresentaram redução da filtração glomerular dentro dos limites
referidos acima não se beneficiaram do tratamento. A conclusão é de
que os inibidores do sistema renina-angiotensina precisam ser
suspensos apenas quando ocorre elevação persistente da creatinina
acima de 30% ou hipercalemia. Outro ponto que merece atenção refere-se
ao nível de creatinina inicial, além do qual inibidores do sistema
renina-angiotensina não devem ser usados. A esse respeito, não existem
evidências na literatura que permitam uma resposta definitiva. Parece
prudente, no entanto, limitar o uso desses medicamentos a pacientes
com níveis séricos de creatinina menores que 5 mg/100 ml.
EFEITOS DA HIPERTENSÃO ASSOCIADA À NEFROPATIA
SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR
A mortalidade cardiovascular de renais crônicos é
10 a 20 vezes maior que a da população geral, e essa tendência é
observada mesmo nas fases iniciais da uremia(39). Por esse
motivo, existe grande interesse em determinar quais os principais
fatores responsáveis por essa marcada suscetibilidade. Nosso grupo tem
se dedicado a verificar o impacto da pressão arterial sobre a
morbidade e a mortalidade cardiovasculares de renais crônicos.
Observamos que a hipertensão juntamente com a idade e os índices
nutricionais foram os preditores de mortalidade em pacientes
submetidos a hemodiálise, após ajustar para outros fatores(40).
A probabilidade de morte foi 2,2 mais alta nos hipertensos durante o
período de seguimento de 12 anos(40). Além disso, tanto a
hipertrofia ventricular esquerda(41) como a prevalência de
arritmias complexas(42) foram significativamente
correlacionadas com os níveis da pressão sistólica. Em pacientes
submetidos a transplante renal, a hipertrofia ventricular
correlacionou-se com a pressão arterial sistólica em vigília, como
avaliada pela monitorização ambulatorial da pressão arterial(43).
Em concordância com esses resultados, a "European Renal Association"
estabeleceu que a pressão arterial de renais crônicos em tratamento
dialítico deva ser mantida em níveis não superiores a 140/80(44).
CONCLUSÕES
O rim exerce papel importante no controle da
pressão arterial e participa da gênese e/ou da manutenção de todas as
formas de hipertensão. Por outro lado, a pressão arterial elevada pode
provocar ou acelerar lesões preexistentes no parênquima, que, por sua
vez, tendem a acentuar o grau de hipertensão. Pacientes renais
crônicos apresentam mortalidade cardiovascular muito acima da
observada na população geral, e que é fortemente influenciada pela
hipertensão. Prevenção e tratamento da hipertensão reduzem a
incidência de insuficiência renal, enquanto controle rígido da pressão
arterial, desde as fases mais precoces da uremia, atenua o ritmo de
progressão da doença.
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